Como verificar a presença do sinal LVDS sem osciloscópio
Como verificar a presença do sinal LVDS sem osciloscópio
A ideia deste artigo explicando como verificar a presença do sinal LVDS sem osciloscópio surgiu de uma conversa com meu amigo Fernando José do Clube do Técnico-RJ sobre maneiras práticas para se oferecer soluções para os técnicos de manutenção e aí apareceu a questão do sinal LVDS.
Tenho que deixar registrado aqui publicamente a imprescindível e paciente assessoria do Fernando (mais uma vez) para confecção deste texto uma vez que é um assunto com o qual não estou familiarizado sob o ponto de vista prático, pois não reparo mais estas “encrencas”!
O que é o LVDS?
Um dos sinais mais importantes nas telas digitais sejam elas TVs LCD ou Plasma, monitores, notebooks ou tablets, é o sinal LVDS que pode ser traduzido por Sinal Diferencial de Baixa Voltagem.
Falhas na imagem como baixa qualidade até mesmo a ausência total da mesma podem estar relacionadas à deficiência ou falta do sinal LVDS, daí a importância para o técnico reparador em saber identificar a presença ou não do mesmo.
É óbvio que a melhor maneira de se verificar um sinal eletrônico é com o auxílio do osciloscópio, mas que nem sempre está disponível para muitos técnicos por aí, então seguindo o dito popular que diz que quem não tem cão caça como gato, resolvi lhes oferecer este bichano (adoro gatos, o amigo sincero) e apresentar uma ideia de como verificar a presença (ou ausência) do sinal LVDS sem osciloscópio.
Já que recordar é viver, que tal recorrermos a uma estratégia do passado quando os osciloscópios custavam mais caros que um automóvel e o jeito era resolver tudo com o multímetro que naquela época era analógico e olhe lá.
A turma da velha guarda que começou no tv à válvula e se reciclou chegando até aos atuais LCD e similares deve se lembrar da “ponta de-moduladora” que nada mais era que um diodo para retificar o sinal e fornecer uma tensão DC detectável por um bom instrumento de ponteiro que todo técnico TV carregava na sua maleta juntos com o kit das principais válvulas para resolver tudo na casa do “freguês” que ainda o brindava com bolo de chocolate e cafezinho “passado” na hora.
Passada a seção de nostalgia vejamos como trazer o passado para o presente.
Antes, porém uma breve descrição sobre o sinal LVDS
O sinal LVDS é um trem de pulsos de alta frequência que saí do IC SCALER (em geral um IC tipo BGA) localizado na PCI conhecida como MAIN UNIT ou placa principal em bom português ou também placa de sinal para as telas LCD, LCD LED, PLASMA ou OLED e que é enviado via um cabo multivias (chamado cabo LVDS) e chega até a placa T-CON (timming control) seguindo para a entrada do painel LCD (placa V_COMM).
A conexão, em geral, terá em suas extremidades um resistor da ordem de 100ohms que serve de carga para o sinal.
O nível deste sinal e da ordem de 350mV pico a pico, portanto cerca de um terço menor que o sinal de vídeo analógico dos velhos tempos que por padrão é 1Vpp.
Sendo assim uma simples retificação de meia onda, como era feita onda, somada com a perda no diodo iria tornar quase impossível ler alguma coisa num voltímetro.
E aí vem a boa e velha teoria para nos lembrar de usar um circuito retificador/dobrador como mostrado na fig.1.
Neste caso o melhor seria usarmos dois diodos de germânio como 1N60, por exemplo, cuja queda de tensão é cerca de 0,3V.
A leitura obtida no voltímetro digital ficará variando entre 150 a pouco mais de 200 mV, pois estaremos medindo apenas o valor médio, portanto o podemos usar a escala de 2VDC do voltímetro digital.
Esta medida tem a intenção apenas de constatar a presença ou não do sinal LVDS na “entrada” do painel, portanto não precisamos nos preocupar com o valor encontrado que poderá variar com intensidade do sinal de vídeo que está sendo processado pelo dispositivo digital (tv, monitor, notebook, etc).
Reparem o grifo em “sinal de vídeo que está sendo processado”. Isto porque para detectarmos a presença do sinal LVDS é necessário que algum sinal, preferencialmente, proveniente de uma antena ou cabo esteja presente.
É importante observar que precisaremos colocar um resistor em paralelo com C2 da fig.1 para que tenhamos uma tensão DC a ser medida pelo milivoltímetro.
Os capacitores C1 e C2 podem ser cerâmicos de 100nF e para o resistor em paralelo com C2 foi usado um valor de 100Kohms que é dez vezes menor que a impedância dos voltímetros digitais (11Mohms).
Para os diodos, como já disse, preferi optar pelo 1N60 de germânio que ainda encontramos para comprar.
Em princípio a ideia era apenas montar o circuito mostrado na fig.2 e colocar dois bornes onde seria plugado o multímetro digital que deveria ficar na escala de 2VDC, mas de repente me veio à mente uma daquelas ideias malucas.
Por que não tornar o “instrumento” autônomo, ou seja, com seu próprio voltímetro?
O voltímetro de painel PM-438, como mostrado na fig.3, se tornou tão barato e fácil de encontrar que atualmente tem sido o meu predileto quando preciso incorporar algum voltímetro (ou amperímetro) em algum projeto.
Este voltímetro precisa de uma alimentação entre 8 e 12V para funcionar, então a melhor opção é 9V que tanto pode vir de uma bateria como de um adaptador AC/DC.
Empacotando tudo
Vencida a primeira fase do projeto que é das ideias, restava pensar onde acomodar o circuito e o voltímetro.
Como atualmente estou cada vez mais adepto ao princípio dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) comecei a passear o olhar pelo meu “acervo” de cacarecos à cata do que poderia servir para acomodar o projeto. Eis que vejo lá numa prateleira do meu “laboratório” alguns cartuchos 950XL vazios da minha antiga impressora HP que estavam lá aguardando a oportunidade de ser útil a sociedade outra vez e pareciam bem atraentes para a empreitada.
Veja na fig. 4 como ficou a montagem final. Só não coube a fonte ou bateria lá dentro, mas isto eu resolvi com um jack P2 para plugar o adaptador ou a bateria externamente.
Aproveitei uma ponteira de multímetro e fiz a ponta para pescar o sinal LVDS.
Na fig.5 temos a visão interna da ponta.
Se você repara muitas telas digitais a versão com o voltímetro pode lhe dar mais agilidade, mas se forem apenas reparos eventuais, basta montar apenas o circuito da fig. 2 e acomodar, por exemplo, dentro de um tubinho de “Cebion” lembrando que neste caso na irá precisa da fonte de 9V.
Talvez eu monte algumas unidades e coloque a venda via Mercado Livre brevemente. Aguardem.
Comentários são sempre muito bem vindos e estimulantes, mas lembre-se de usar o Mozila Fire Fox porque parece haver uma incompatibilidade com outros navegadores cuja causa ainda não descobri.
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