Testando o circuito integrado KA3842
O circuito integrado KA3842 é muito utilizado em fontes chaveadas mais antigas e neste post vou apresentar como este circuito poder ser testado.
A explicação apresentada aqui pode servir para outros CIs da mesma família que são encontrados com os prefixos KIA, DBL, UC e SG.
No caso da substituição o mais importante é ficar atento as letras que aparecem no final e que podem ser A, B, P ou N sendo que o CI de final B não substitui os de final A, P ou N.
Outro cuidado é quanto aos CIs 3842 e 3882 que embora tenham a mesma pinagem um não substitui o outro.
Feitas estas observações preliminares vamos analisar porque pode ser útil saber testar estes CIs.
Testar o integrado KA3842 ou outros que têm função semelhante em fontes chaveadas pode ajudar muito o técnico evitando prejuízos quer seja pela queima sucessiva de transistores ou a troca do CI desnecessariamente.
É sempre bom lembrar que no reparo de fontes chaveadas, ao encontrarmos o transistor em curto, jamais devemos partir para troca do mesmo sem realizar uma verificação mais acurada dos demais componentes da fonte.
Além disso, embora haja a possibilidade de realmente o defeito ter ocorrido apenas no transistor, você pode ter substituído o transistor defeituoso por um “espécimen” falsificado ou refugo de produção, ambos made in China, e ai a coisa começa a sair do controle e quanto mais você mexer na … mais irá feder.
Vejamos alguns procedimentos básicos que podem ajudar a evitar algumas frustrações.
Atualmente todas as fontes chaveadas têm três componentes básicos na sua construção, a saber: um transformador chopper, um transistor chaveador que pode ser bipolar, mosfet ou igbt e um CI responsável pelo chaveamento do transistor.
Se encontramos o transistor em curto (representado por uma chave no diagrama) é muito importante tentarmos descobrir a “causa mortis” antes de, simplesmente, trocá-lo e uma delas pode ser o CI responsável pelo chaveamento, vulgarmente conhecido como PWM.
Alguns técnicos, mais cautelosos, na dúvida, trocam o “casal” CI + transistor. Embora não se possa dizer que é um procedimento errado a questão é que podem estar jogando dinheiro fora se o CI não estiver defeituoso.
Em tempos em que os orçamentos têm que ser cada vez mais “magros” quanto menos se desperdiçar, trocando peças desnecessariamente, melhor.
Além do mais precisamos nos lembrar daqueles que estão fora dos grandes centros onde a dificuldade de obter certas peças é ainda maior.
E será que dá para testar o CI?
O “PWM” por dentro
Para responder a esta pergunta começaremos analisando o digrama em blocos do 3842 ou dos seus “parentes”.
A primeira coisa a observar é o circuito de saída que está marcado no diagrama.
A seguir devemos identificar no data sheet qual o valor da tensão máxima de alimentação. No caso da família 38XX está tensão é de 35V.
Alguns técnicos costumam testar os transistores com um multímetro uma vez que o coletor e o emissor dos mesmos estão acessíveis nos pinos do CI.
Como medida preliminar, esta verificação é válida e devemos começar por ela. A questão e que ela só ajudará se houver um curto entre coletor e emissor, mas não nos mostrará possíveis curtos entre base e coletor ou base e emissor.
Entretanto, pode ser que os transistores internos se comportem como uns “anjinhos” quando submetidos à baixa tensão dos multímetros, mas quando lhes for aplicada a tensão e corrente “verdadeira” do circuito aí sim, “a mascara” de anjo cai e o curto aparece.
Testando o CI com tensão “de verdade”
Para tirar a dúvida podemos “montar” o circuito mostrado no esquema a seguir.
Repare que a “montagem” é extremamente simples e está representada pelos componentes representados em vermelho os quais podem ser soldados diretamente nos terminais do CI, em menos de 5 minutos, como vemos na figura abaixo.
Observe que os transistores de saída serão alimentados com 30V que é a tensão de trabalho do CI para que possa fornecer corrente suficiente para acender o led.
Se estes transistores estiverem bons o LED acenderá e ao variarmos o trimpot (que está em série com resistor de 390 ou 470R servindo como limitador de corrente) veremos que a luminosidade do mesmo também variará.
E este teste garante que o CI está bom?
A melhor resposta para esta pergunta é: mais ou menos!
Ora, “então para que perder tempo com isso?”, talvez você deva estar querendo perguntar.
Não é perda de tempo, o teste garante que o estágio de saída não está em curto e, portanto não irá queimar o transistor chaveador.
Se ainda assim a fonte não funcionar e você “jura por tudo que lhe é mais sagrado” que já verificou TODOS os componentes da fonte, então é possível que o CI tenha um defeito interno que não o deixa oscilar e ai sim, só resta substituí-lo.
Será que vale a pena fazer este tipo de teste?
Se você é um técnico que tem dinheiro sobrando e basta estalar os dedos que o CI aparece na sua mão, eu diria que não vale a pena.
Agora se você não satisfaz as duas condições acima, então perca 5 ou 10 minutos (no máximo) e realize o teste. Certamente o tempo que você irá gastar para realiza-lo será muito menor do que se tiver que sair para comprá-lo ou esperar chegar pelo correio e depois descobrir que o CI não estava com defeito.
Antigamente os técnicos achavam que tudo era culpa das válvulas; atualmente muitos acham que tudo é culpa do CI e partem imediatamente para a troca dos mesmos e esquecem que resistores e capacitores são muito suscetíveis a falhas e que, às vezes, são eles que provocam a queima do CI.
Pense nisto antes de partir para “soluções radicais”.
Até sempre.
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