Correção do Fator de Potência diminui a conta de “luz”?
Correção do Fator de Potência diminui a conta de “luz”?
Com a elevação absurda nos valores das tarifas de energia elétrica, depois da reeleição, todo mundo (do andar de baixo, principalmente) começou a procurar maneiras de diminuir o valor da conta.
Logo começaram a surgir na Internet receitas “infalíveis”, bem como os aparelhinhos fazedores de milagre para reduzir a conta e com isso o termo Fator de Potência entrou na moda.
Mas será que a “correção” do tal do Fator de Potência (que muitos apregoam como vilão, mas, às vezes, não sabem bem o que é) faz realmente o que os milagreiros e vendedores dos “amuletos” para ligar na tomada irá realmente diminuir a sua conta?
Talvez sim, talvez não. Vamos analisar isto com mais detalhes e ajudá-lo a tirar as suas próprias conclusões.
No post anterior eu já expliquei que podemos ter três tipos de potência elétrica: a real, medida em watts (W), a reativa, medidas em volt-ampéres reativos (VAr) e a aparente, medida em volt-ampére (VA) e que ocorrerão conforme as características do aparelho ligado à rede elétrica.
Analisando a conta de energia elétrica (“conta de luz”)
Se você observar com atenção a sua conta de “luz”, verá que na coluna referente ao consumo aparece apenas kWh, ou seja, quilowatt hora que é a multiplicação da potência real ou ativa em quilowatts (kW) pelo tempo em horas o que nos dá a energia real ou ativa consumida, que é o que efetivamente a concessionária nos cobra.
Repare que na conta, em princípio, não aparece nenhum menção a energia reativa (VAr ou kVAr) que é a energia “desperdiçada” e que “faz mal” à rede elétrica e por isso, as concessionárias “não gostam dela” e até podem cobrar legalmente uma multa ao consumidor se ele estiver usando “muita” energia reativa.
Mas quanto é este “muito”?
A legislação brasileira sobre o assunto (resolução 414 da ANEEL, capítulo VIII) diz que o Fator de Potência não deve ser menor que 0,92 e aqui vale lembrar que o valor máximo e ótimo é 1, mas que só será alcançado para aparelhos puramente resistivos como o chuveiro elétrico, por exemplo.
Entretanto, esta “multa” não aparece claramente na conta com este nome (exceto se for por atraso de pagamento) e sim disfarçada por termos pouco significativos para o consumidor.
A Eletropaulo chama de energia reativa excedente, as concessionárias dos municípios de São Paulo preferem dizer reativo excedente e a Light aqui no Rio de Janeiro foi bem criativa (criatividade é a palavra da moda) e preferiu usar o pomposo nome de “encargo de capacidade emergencial” (é claro que todo mundo entende que isto quer dizer “multa por uso excessivo de energia reativa”, ou não?). Se você descobrir como é na sua região conta pra gente aqui nos comentários.
E se você resolver usar alguma “simpatia” para reduzir a energia reativa, ou aumentar o fator para 0,92 ou mais, como algumas que vemos no youtube, será que você não irá pagar o “encargo de capacidade emergencial” e o valor da sua conta vai diminuir mesmo?
Sugiro que antes de colocar os dentes de alho pendurados no relógio de “luz” para diminuir a conta, que só servirão para espantar morcegos e vampiros, você dê uma olhadinha na sua conta e veja se há alguma cobrança com algum termo esdrúxulo, pois se não tiver só quem saiu no lucro foi quem lhe vendeu o “aparelhinho que faz milagres”.
Por outro lado, é importante que você saiba que a energia reativa só será cobrada se o medidor da sua residência (“relógio de luz”) tiver possibilidade de medir a energia reativa o que praticamente só ocorre com consumidores com faturamentos em alta tensão (que não deve ser o seu caso).
Fique de olho
É provável que esta cobrança possa vir a ser realizada num futuro próximo com a implantação, também em residências, dos novos medidores eletrônicos capazes de fazer a medição, também, da energia reativa.
Os maiores vilões do consumo nas residências
No âmbito doméstico os maiores vilões do consumo, certamente não estão relacionados à energia reativa, basicamente produzida por motores e transformadores e sim a própria energia real medida em kWh e para a qual o fator de potência é 1, portanto acima dos 0,92 recomendados pela legislação e não precisa de nenhuma “correção” feita por exóticos aparelhos denominados “filtros de frequência” ou outras bizarrices do genêro.
Nas nossas casas os vilões se chamam: banhos demorados com chuveiro elétrico, uso excessivo do ferro de passar roupas e as pranchas para cabelo que as “teen ages” (aborrecentes!) usam quinze vezes por dia. Lembre-se que a energia é calculada multiplicando-se a potência (kW) pelo tempo em horas.
Se você conseguir administrar (o que não é fácil, admito) o uso destes aparelhos, sua conta certamente irá cair mesmo que você não coloque um galho de arruda perto dela para dar sorte!
Vale ressaltar que mesmo que não haja redução da conta de energia, mesmo assim vale a pena investir na correção do Fator de Potência para evitar variações de tensão que podem levar a queima de aparelhos, super aqucimento dos condutores que podem até provocar incêndios.
Finalmente se você realmente precisa e quer fazer a correção do fator de potência encomende um estudo do assunto por um profissional habilitado porque cada caso é um caso.
Até sempre
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