Harry Potter e o técnico em eletrônica?
Harry Potter e o técnico em eletrônica?
Existem diversos livros que pretendo ler antes que as células que formam o meu corpo se desintegrem e eu vá morar em outro planeta, um “eufemismo” para dizer “antes de morrer”.
Na lista está Os Miseráveis de Victor Hugo, por exemplo, bem como reler Crime e Castigo (parece útil no momento) de Dostoiévski e outros mais, entretanto de vez enquanto um ousider “fura a fila” e entra sorrateiramente nela, seja por recomendação de alguém ou porque me chamou atenção ao olhar as “estantes de chão” dos livreiros de rua.
Um destes “fura filas” foi Harry Potter, nunca tinha lido. Que absurdo, não é?
O entusiasmo veio por conta de um documentário que assisti sobre a autora e resolvi que não poderia “mudar de planeta” antes de ler a obra de J.K. Rowling. Comecei pela Pedra Filosofal que é o primeiro da série e por onde se deve começar quando se trata deste tipo de literatura.
Não foi difícil arranjar um emprestado, foi só anunciar meu interesse entre amigos e amantes da leitura como eu que logo apareceu um.
Terminei a leitura estes dias e já estou à cata da Câmara Secreta.
Depois assistirei aos filmes, prefiro começar pelos livros.
Mas o que Harry Potter tem a ver com técnicos eletrônicos e este blog que se dedica (ou se dedicava) a ciências eletrônicas e não, a “ciências ocultas”?
Ora, Harry Potter é o bruxo mais famoso do mundo e muitos “técnicos” e estudantes de eletrônica parecem pensar que as soluções pare resolver falhas nos equipamentos que estão “consertando” envolvem algum tipo de bruxaria e poderes sobre naturais.
Há muito tempo percebo isto e não foi à toa que a capa do meu livro “Algumas Ideias para Consertar Televisores Modernos” publicado em 2005 apresenta um “técnico” consultando uma “especialista” em bola de cristal.
Volta e meia recebo e-mails, comentários no meu site ou vejo em fóruns perguntas sobre qual diodo ou transistor substitui um que o “reparador” não consegue encontrar para comprar.
Aparecem perguntas ainda mais bizarras que nem os graduados com louvor em Hogwarts conseguiriam responder como “meu micro-ondas não liga, qual a peça que eu troco?”.
Ou, por exemplo, “meu multímetro fica piscando, por quê?” (eu recomendo levá-lo a um oftalmologista, pode ser conjuntivite!).
A coleção de “febeabas” (Festival de Besteiras que Assola o País), obra de Sergio Porto/Satanislaw Ponte Preta de 1968) é imensa e quem sabe um dia eu também escreverei um “febeapa” da eletrônica.
Talvez valha a pena refletir porque estes tipos de perguntas cada vez vêm aumentando mais?
Eu tenho uma reposta “curta e grossa”.
A meu ver porque as facilidades da Internet tornou a grande maioria das pessoas mais preguiçosas do que sempre foram.
Eu tive um colega no curso técnico (que já está morando em outro planeta) que dizia uma frase que nunca esqueci: “a preguiça é a mãe do pecado”.
Tirada a conotação religiosa que se pode dar a frase, eu concordo inteiramente com ela.
Não se aprende nada sem esforço, sem “queimar as pestanas” expressão oriunda dos tempos em que não existia luz elétrica e se estudava a luz de velas (não é o meu caso).
Comecei a aprender eletricidade e eletrônica como autodidata lendo livros que tinha que ir procurar nas bibliotecas, montando circuitos de revistas e quando porventura não funcionavam eu tinha que “quebrar a cabeça” sozinho para descobrir.
Não tinha Google para perguntar, nem amigos a quem recorrer ou ao Harry Potter que não tinha sido “inventado” por J.K.Rowling.
Mais tarde quando estava no curso técnico aprendi uma lição inesquecível do, também inesquecível, Prof. França.
Um belo dia ao levar um projeto para o laboratório que eu havia montado e testado em casa, na hora H ele não funcionou.
E o sábio professor me disse “que bom que não funcionou você vai ter que estudar e pensar mais um pouco”.
Só os verdadeiros professores dizem isto.
Eu tinha que salvar minha honra, provar que não estava mentindo e que tinha funcionado em casa.
Segui o conselho, pensei e descobri o problema sem precisar usar as magias de Howgart (que ainda não existia).
O projeto era um oscilador valvulado. Eu havia calculado e construído a bobina enrolada num pedacinho de cabo de vassoura (isto mesmo, não a comprei pronta no Mercado Livre ou no E-bay).
Depois de testado, ajustado e funcionando resolvi cobrir a bobina com esmalte de unhas incolor para “dar um acabamento melhor”. Já era bem tarde da noite e aula seria no dia seguinte pela manha, não liguei de novo para ver se estava tudo ok.
Alguém aí sabe a resposta? Os jovens há mais tempo como eu, provavelmente sim.
E você que está chegando agora? Vai procurar no Google, colocar a pergunta nos fóruns? Perguntar ao bruxo mais famoso do mundo?
Não vou responder, farei como o meu professor. Estude mais, pense um pouquinho e aprenderá para sempre.
É assim que se aprende, seja eletrônica, física, matemática ou fritar batatas e fazer com que a segunda leva fique tão crocante quanto a primeira.
Ou alguém pensa que Newton escreveu as suas três leis da física lá pelos idos de 1600 perguntando ao Google?
Antes de perguntar alguma pense e depois pense mais um pouco. Não chegou a nenhuma conclusão?
Pense mais. Tá difícil?
Pergunte, mas forneça um relato de tudo que já tentou e como o problema começou ou então, consulte Harry Potter porque eu não sou bruxo.
Mande “uma coruja” com os seus comentários.
Se não leu Harry Potter e não sabe o que é “mandar uma coruja” escreva o comentário aqui em baixo e se quiser começar a aprender eletrônica ler os meus livros é um bom começo.
22 Comentários