Quero ser técnico reparador de equipamentos eletrônicos, o que eu faço?
Uma das perguntas que sempre me fazem é: – quero ser técnico reparador de equipamentos eletrônicos, o que eu faço?
Ela pode aparecer de outra forma: – onde eu encontro um bom curso técnico de eletrônica para estudar?
Cursos certamente você encontrará vários pelo Brasil, isso falando-se dos grandes centros, “bom” já fica mais difícil de achar.
O processo de desmantelamento da nossa educação, em particular na área técnica foi “lento e gradual”, mas eficiente e o seu legado está aí para quem tiver olhos para ver.
Começou lá pelos idos de 64, ano do qual, muitos que não viveram naquela época, hoje têm saudade e pedem a sua volta.
Mas deixemos de lado a história e as lamentações e tentemos trabalhar com o que temos atualmente e teremos, cada vez menos, daqui para a frente.
Não quero desapontá-lo nem tão pouco desencorajá-lo na busca em se tornar um técnico reparador de equipamentos eletrônicos, longe de mim cometer a mesma maldade que nossos desgovernantes cometem conosco desde sempre, principalmente no que tange à educação.
Lembrando Kenedy “Não pergunte o que a nação pode fazer por você” eu diria: – Ela não fará nada, faça você a si mesmo. Esqueça a nação.
Se quer aprender algo de verdade estude muito e não coloque nos outros a culpa da sua preguiça.
Se não posso lhe fornecer o “endereço” do curso “mágico”, posso, isto sim, tentar ser seu GPS nesta procura para encontrar o conhecimento e é o que tentarei fazer daqui pra frente.
Sinto se lhe desaponto, mas tenho que ser honesto e lhe dizer logo de cara que nenhum curso irá lhe preparar para ser um técnico reparador, no máximo poderá lhe fornecer a base para se iniciar na área de projetos e bem timidamente.
Quando eu iniciei na eletrônica também não fui preparado para ser reparador, mas a base sólida que recebi (sobre isso falarei mais a frente) me permitiu seguir este caminho com relativo êxito.
Mas, os tempos eram outros, basicamente o que tínhamos para reparar eram rádios valvulados e que pouco diferenciavam uns dos outros.
Os equipamentos foram ficando dia a dia mais sofisticados e eu fui caminhando com eles e embora e eu não os tivesse estudado no curso técnico, a “base sólida dos conceitos de eletricidade, matemática aplicada e eletrônica” que eu tinha recebido permitiram que eu fosse meu próprio GPS e encontrasse o caminho, às vezes, bem escondido.
Se um curso técnico já não podia naquela época ser um “adestrador” para reparos, hoje então é completamente inviável.
O curso poderia, isto sim, lhe fornecer o “GPS” para conhecimento e você encontraria o caminho.
Reparou que eu escrevi “poderia” e grifei?
Isso mesmo poderia, mas não pode simplesmente porque uma grande parte dos alunos irão reclamar.
Que absurdo, dirão eles, o que estes professores estão pensando?
Digo isto, não por teoria, mas com conhecimento de causa.
Basta você dizer que eles terão que resolver uma ridícula equação do primeiro grau ou somar duas frações para ser apedrejado e ter a sua cabeça pedida na diretoria.
A maioria não quer aprender, quer o diploma.
Não quero mais dar aula em instituições de ensino, mas quero continuar dando aula para quem tem sede de aprender porque eu tenho sede de ensinar.
Meu blog é meu espaço de ensinamentos, onde passo e com muita dedicação o que recebi e aprendi pela vida a fora.
Entretanto, no blog os artigos, ora de teoria ora de situações práticas, não têm uma hierarquia entre eles o que os tornam pouco didáticos para quem está começando.
Há muito me pediam um “curso de eletrônica”, de preferência on line e eu relutava em fazê-lo.
No final do ano passado comecei a pensar mais decididamente no assunto e aí surgiu a ideia do Clube Aprenda Eletrônica com Paulo Brites.
Não é curso no modelo clássico. É o que se chama de “área de membros” onde há um compromisso, de minha parte, de fornecer aulas semanais com teoria e prática.
Não forneço certificado, embora que saiba que ele seja necessário.
É mais ou menos como disse Lima Barreto “A capacidade mental dos negros é discutida a priori e a dos brancos, a posteriori”.
Para efeitos “legais” primeiro você tem que mostrar o certificado, depois prova que é capaz.
Se você precisa de um certificado, para “provar sua capacidade mental a priori”, vá para um curso. Qualquer um serve.
Quer aprender, esmiuçar, se dedicar? Vem pra cá.
Não pretendo lhe ensinar a consertar televisores, geladeiras, máquinas de lavar (cada vez mais dependentes da eletrônica) ou seja lá o que for.
Não pense você que aprender a medir tensões e testar meia dúzia de componentes será suficiente para torná-lo um técnico reparador, principalmente considerando a imensa diversidade de equipamentos e tecnologias que temos atualmente.
Isto é necessário, mas não é suficiente. Não se engane nem seja enganado.
Aprender a consertar equipamentos eletrônicos em meia dúzia de aulas lembra aqueles anúncios “trago seu amor de volta em três dias” (só não garanto que fique).
Por onde começar então?
Pelos conceitos e funcionamento dos componentes e dos circuitos básicos.
Pela experimentação com a realização de experiências guiadas.
Pela leitura de artigos técnicos de reparação. Não me refiro a algumas abobrinhas que aparecem no Youtube e que não mostram nenhuma fundamentação teórica que tenham levado o autor a solução do problema. Mera tentativa e erro (às vezes, mais erros que tentativas).
Quando digo artigos técnicos e vídeos me refiro aqueles que partem da teoria, do conceito e mostram como se chegou a solução. É demorado, mas é para sempre.
Fuja dos vídeos e fóruns dos “troca peças”. Isso resolverá, na melhor das hipóteses, caso pontuais.
Você precisa saber antes o “porquê” para depois sim, executar, se for o caso.
A eletrônica se misturou com a informática e muitas falhas hoje em dia não estão no hardware (peças) e sim, nos softwares.
Tentar é preciso
Comece com pequenos equipamentos abandonados ou que lhe sejam doados e vá se familiarizando com eles.
A leitura de esquemas é algo muito pedido e estou tentando preparar um e-book sobre o tema.
Uma das grandes dificuldades neste caso não é apenas “ler” o esquema, mas saber encontrar no “matagal” da placa e peça que você viu no esquema.
Entretanto, isto só não basta. É preciso saber o que a tal peça faz no circuito, ou seja, como o circuito funciona.
E isto você aprenderá gradativamente entendendo os conceitos.
Medir por medir, não vai levar a nada.
É preciso saber interpretar o resultado da medida para tirar conclusões ou, pelo menos, começar a pensar nelas.
Não é uma tarefa para meia dúzia de aulas, isso eu garanto, mas se quer realiza-la tem que começar e já.
Vejo você no Clube.
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