Esclarecendo dúvidas sobre a lâmpada série na reparação
Meu primeiro “contato imediato” com a Lâmpada Série na reparação foi lá pelos meus longínquos 14 anos de idade num cursinho prático de reparos em eletrodomésticos.
Naquela época eu já começava a ganhar alguns trocados consertando coisas que não eram descartáveis como ferros (elétricos) de passar roupa, por exemplo.
Uau! descobri que com ela, a Lâmpada Série, eu poderia verificar se, após a troca da “resistência”, o ferro não estava dando choque antes de ligá-lo na tomada.
Isso, às vezes, acontecia por conta de isolamento mal feito na hora de instalar a resistência no ferro.
Gradativamente fui descobrindo outras aplicações para a Lâmpada Série ainda no reparo de eletrodomésticos.
Os tempos passaram, comecei a aprender a consertar rádios, valvulados é claro, e, lá estava ela: a Lâmpada Série.
Até então, eu sabia como ela era útil, mas não sabia efetivamente alguns conceitos que, naquela época, nem eram tão importantes assim, porque só existiam as lâmpadas incandescentes e os rádios eram muito simples.
Os tempos passaram mais ainda e precisamos evoluir em tudo, inclusive nas técnicas de trabalho.
Há uns 30 anos mais ou menos, aqueles que me seguem, já devem ter percebido que sou um “obcecado” pelo uso da Lâmpada Série.
Mas, é preciso que fique claro, ela não é uma “vacina”, para usar um terno atual, contra todos os problemas que podem ocorrer na pesquisa e no reparo de um equipamento eletrônicos e sim, um “remédio” que pode funcionar em muitos “´pacientes” graves mas, em outros ou não.
Em fevereiro de 2014 eu publiquei aqui no site um artigo, intitulado Lâmpada Série no Século XXI, apontando uma solução para o fim da fabricação das lâmpadas incandescentes. Clique sobre o título em azul e leia o artigo, se ainda não leu ou esqueceu o que leu.
Depois de mais esta historinha da minha vida vamos finalmente esclarecer ou. pelo menos, tentar esclarecer as dúvidas.
Recentemente recebi um comentário de um leitor dizendo que estava tentando usar “resistência de chuveiro” no lugar da lâmpada, mas tinha um problema: – não conseguia avaliar por falta de luminosidade como na lâmpada.
Isso acendeu uma “Lâmpada Série” no meu cérebro: – muita gente não deve ter entendido (ainda) como funciona uma lâmpada incandescente, aliás como eu também não entendia há 60 anos atrás.
Um pouco de teoria faz bem a “saúde” – resistência ôhmica e não ôhmica
Para início de conversa precisamos esclarecer estes dois conceitos imediatamente.
Suponho que você saiba que resistência se mede em ohms e que existe uma lei chamada Lei de Ohm que relaciona tensão, corrente e resistência. Bem, se não sabe é hora de visitar o Clube Aprenda Eletrônica com Paulo Brites.
Acontece que quando o físico e matemático alemão Georg Simon Ohm, desenvolveu sua teoria era 1826 e não existiam, ou melhor, não eram conhecidos materiais cuja resistência elétrica variasse não linearmente como na sua conhecida Lei de Ohm.
A lâmpada incandescente é um destes dispositivos cuja resistência irá variar com a passagem da corrente elétrica, logo a Lei de Ohm neste caso “não vale” e por isso dizemos que é uma resistência não ôhmica.
Outros dispositivos, como LDR, NTC e PTC, por exemplo, caem nesta categoria de “não ôhmicos”.
Na Fig.2 temos as principais fórmulas utilizadas em Eletricidade envolvendo Tensão, Corrente Elétrica, Resistência e Potência.
Neste momento vamos utilizar a que está marcada com um círculo para calcular a resistência de uma lâmpada incandescente de 40W para 127V, por exemplo.
Você irá encontrar 403 ohms. Agora pegue a lâmpada e meça a resistência do filamento com o ohmímetro e verá que o valor é diferente.
Talvez você não tenha uma lâmpada destas por aí para poder fazer a medição então, eu medi para você e encontrei, apenas, 30 ohms.
Por que isso aconteceu, por que o valor medido é muito menor do que calculado?
A fórmula está errada?
Nada errado com a fórmula, isso aconteceu simplesmente porque a resistência do filamento de uma lâmpada incandescente não é um resistência ôhmica. Em outras palavras neste caso a Lei de Ohm “dá ruim”. Simples assim!
E é justamente esta característica de resistência não ôhmica que faz com que a lâmpada incandescente seja ideal para ser utilizada em série com o equipamento que está sendo analisado ou reparado.
Ela funciona como uma espécie de freio na corrente que vai passar no circuito “absorvendo” para si o excesso de corrente caso o equipamento esteja consumindo mais do que o especificado.
Por outro, considere uma resistência de chuveiro de 5200W para 220V e calcule sua resistência. Você irá encontrar 93ohms. Para dissipar esta potência seriam necessários 26A.
Se o equipamento sob teste estiver em curto a resistência vai aquecer absurdamente. Lembre-se que no chuveiro ela está dentro d’água, portanto está sendo resfriada.
E as lâmpadas eletrônicas e a LED, pode?
Aí é que piorou mesmo, NÃO PODE.
Estas lâmpadas usam uma pequena fonte chaveada para funcionar, logo não podem ser usadas como resistências para controlara corrente do equipamento sob teste.
Espero ter esclarecido definitivamente as dúvidas sob a Lâmpada Série na reparação, mas se ficou alguma, não se acanhe, eu sempre respondo.
‘bora aprender sempre!
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