Aprendam a ler data sheets, pelo amor de Deus!
Este é o penúltimo post de 2017 e com o título “Aprendam a ler, data sheets, pelo amor de Deus” eu quero chamar a atenção seja para os principiantes ou veteranos na área de reparação de equipamentos eletrônicos da importância, cada vez maior, do técnico se profissionalizar definitivamente.
Constantemente recebo e-mails ou comentários pelo blog pedindo “ajuda para encontrar o substituto” de um diodo, transistor ou mosfet.
Este é o tipo de pedido que mais me aborrece e já escrevi um post tratando deste assunto cuja leitura, caso ainda não tenha feito, eu recomendo fortemente que o faça clicando no link “Onde encontrar transistores e diodos com códigos estranhos”.
E por que estes pedidos me aborrecem?
Adoro ensinar as pessoas a aprenderem a pescar só não quero que me peçam para ir pescar para elas, nem tão pouco assar o peixe para o almoço.
Minha cruzada sempre foi em prol do desenvolvimento de cada ser humano, seja dando aulas de matemática, física, eletrônica ou falando de música, literatura, arte, abobrinhas ou lá o que for, mas não peçam respostas prontas porque não as darei e por isso, que estes pedidos me aborrecem.
Se as desse estaria sendo duplamente desonesto, primeiro comigo mesmo e depois com quem me pediu a resposta pronta.
Sócrates é famoso pelo seu “método socrático” de responder uma pergunta com outra pergunta e eu sou seu seguidor ferrenho, por isso eu digo “aprendam a ler data sheets, pelo amor de Deus!” e descubra você mesmo qual o substituto para o diodo ou transistor que você precisa.
O data sheet é o mapa da mina
No artigo que eu citei acima e cuja leitura sugeri fica evidente porque não existem mais as “tabelas de equivalentes e substitutos” dos anos 70 quando estes componentes chegaram ao mercado brasileiro.
Mesmo naquela época eu não era muito adepto destas tabelas. Preferia os manuais que trouxessem os parâmetros do componente e através da comparação entre eles eu ia tirando as minhas próprias conclusões.
Hoje ficou mais fácil de se encontrar estar informações no Google para quase todos os semicondutores. Digo “quase todos” porque realmente existem algumas figurinhas difíceis que parecem ter sido fabricadas em Marte e não se encontra data sheet de jeito nenhum e se não tem no Google “não existe”.
Já que o título é “aprendam a ler data sheets” quero lhe falar do tesouro escondido neles e como através deles você irá descobrir se um determinado transistor pode, em princípio, substituir outro ou não.
Não custa lembrar que os data sheets não são fornecidos pelos fabricantes apenas para os projetistas, pois eles contêm todas as informações necessárias para o reparador descobrir para comparar o original “queimado” com as possibilidades que o mercado oferece.
Não posso afirmar que sempre dará certo porque existem sutilezas no projeto que, às vezes, podem passar despercebidas na hora da comparação e também nem sempre temos certeza que a peça que foi comprada tem realmente as características especificadas no data sheet.
Comprar peças aqui no Brasil ou até mesmo do e-bay ou outras plataformas deste tipo é jogar com a sorte. Nunca se falsificou ou vendeu tanto componente “counterfeit” como nos últimos anos.
Vou tomar os MOSFETS como referência, mas não me alongarei demais aqui porque no meu artigo “Como encontrar o substituto de um MOSFET” muitas informações importantes foram tratadas.
Apresentarei apenas um resumo em forma de um infográfico do que devemos examinar e comparar. Mais informações você encontrará também no capítulo 16 do meu e-book Eletrônica para Estudantes Hobistas & Inventores.
Uma observação importante é sobre a simbologia. Não confie no desenho que aparece nos esquemas, pois pode estar errado.
Na série de artigos “Fontes Chaveadas para Principiantes” que você encontra aqui no blog eu entro em detalhes sobre isto.
Espero que com estas dicas os técnicos ou aspirantes a técnico deixem a preguiça de lado e aprendam a “atravessar a rua sozinhos” porque ser técnico é mais do que ser um trocador de peças.
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