Coisas essências na bancada do técnico reparador de eletrônica
Quem nunca provocou um curto indesejável ao ligar um aparelho para conserto que atire a primeira pedra e quem já levou um choque “daqueles” pode entrar na fila para atirar a segunda!
Queimar o dedo com ferro de solda, é vacina e não fará parte de post que pode ser útil a gregos e troiano, ou melhor, novatos e veteranos.
Deixando o feminicídio bíblico para outra hora, vamos a algumas coisas essências na bancada do técnico reparador de eletrônica com as quais todos os militantes da profissão deveriam se preocupar pois, diz o ditado que “o seguro morreu de velho” e o técnico precavido também.
Vamos começar pela instalação das tomadas na bancada.
Para começar, uma boa prática seria separar as tomadas às quais são ligados os equipamentos de teste e ferros de solda, daquela onde será ligada o aparelho a ser examinado ou reparado.
Não misture alhos com bugalhos!
Mesmo com tomadas separadas uma regra deve ser observada quanto ao terminal (buraquinho) da tomada que corresponde ao neutro e ao vivo no caso de uma rede monofásica de 127V.
NUNCA ligue, pelo amor de Deus (e que tem a sua vida) o neutro ao terceiro pino que corresponde ao terra caso esteja usando tomadas do padrão brasileiro ou padrão americano.
A regra é NEUTRO NÃO FAZ TERRA!
Simples assim, como está na moda dizer.
Se ainda tem dúvida sobre isso uma leitura do meu e-book O que todas as pessoas precisam saber sobre eletricidade pode salvar a sua vida (e de outras pessoas também).
Certamente alguns irão ponderar que em alguns lugares o neutro é aterrado junto com o terra na entrada.
Eu já tratei deste assunto aqui em A eterna polêmica terra versus neutro que eu sugiro que você leia para entender porquê.
Se precisar usar os dois tipos de tomada, brasileiro e americano, esteja atento que a posição do neutro é invertida entre elas como aparece na figura 1.
Evite, sempre que possível, usar na bancada aqueles “adaptadores” de padrão para não acabar ligando neutro na fase e vice-versa através de algum equipamento.
Sei que, às vezes, a tentação é grande por isso, eu disse: EVITE!
Três itens essenciais para a tomada que se liga o aparelho a ser reparado
É conveniente que essa tomada tenha um disjuntor independente só para ela, assim se alguma “distração” for cometida pelo técnico o resto da casa ou da oficina não ficará às escuras.
Entretanto, utilizar disjuntor não significa que o técnico estará protegido de um possível choque elétrico e sobre isso veremos mais à frente.
Não custa lembrar que na rede monofásica o disjuntor deve ser colado apenas na fase.
Nunca se desliga o neutro.
Um segundo item recomendado embora pouco conhecido é o IDR ou DDR – Interruptor ou Disjuntor Diferencial Residual.
O disjuntor convencional, como eu disse acima, somente protege os equipamentos, enquanto o DDR protege as pessoas.
O DDR ou IDR é um item recomendado pela NBR 5410 desde 1997, isto mesmo há 22 anos e que infelizmente pouco conhecido e usado no Brasil.
O terceiro item é o transformador isolador e sobre o qual tratarei com mais detalhes a seguir.
O que é e para que serve um transformador isolador?
Para início de conversa o transformador isolador não deve ser confundido com autotransformador.
A maioria dos transformadores utilizados para “transformar” 127V em 220V são autotransformadores como vemos na figura 3.
Este tipo de transformador, se precisar ser usado para quer seja para elevar 127V para 220V ou ao contrário abaixar de 220V para 127V, deverá ser ligado a um segundo transformador com enrolamentos de primário e secundário independentes, ou seja, isolados.
Na fig. 4 temos um transformador isolador que tem relação de espiras 1:1, portanto não eleva nem abaixa a tensão de entrada para a saída apenas isola fisicamente a entrada da saída. Observe que na tomada ligada no secundário não há indicação de fase e neutro como se vê nos pinos ligados ao primário.
O desenho em questão representa uma rede monofásica (127V) caso a sua rede seja 220V bifásica não haverá indicação de fase e neutro na ligação do primário.
Se você não tem um fio de aterramento na sua instalação então, deixe o terceiro pino sem ligação, mas volto a insistir não o interligue ao pino que corresponde ao neutro a menos que você esteja tentando ser eletrocutado!
Se você está querendo perguntar quais são os pinos de fase e neutro na tomada ligada ao secundário a resposta é: – não existe mais esta referência pois, objetivo do transformador isolador é exatamente acabar com ela.
Por que se deve usar um transformador isolador?
Praticamente quase todos os equipamentos hoje em dia utilizam fontes chaveadas e como você sabe (ou deveria saber) estas fontes não têm o primário isolado da rede elétrica, portanto qualquer distração e você vai levar um choque ao tocar na parte hot da PCI.
Outra questão é a ligação do osciloscópio uma vez que a garra jacaré da ponteira está interligada ao terceiro pino dentro do osciloscópio e isso aumenta o risco de produzir um curto e até queima o osciloscópio.
Já escrevi um post aqui no blog sobre o assunto que é abordado também no capítulo 2 do meu e-book Osciloscópio sem Traumas por isso, não irei repeti-lo aqui.
Como escolher a potência do transformador isolador
A forma correta de se expressar a potência de um transformador é em VA (volt-ampere) e não em watts como se costuma ver algumas vezes. Para mim isso demonstra falta de conhecimento técnico, portanto fujo destes fabricantes.
Mas o que interessa aqui é saber de quantos VA deverá ser o transformador para colocar na bancada.
Isso vai depender muito do tipo de equipamento com que você trabalha, mas creio que algo entre 500 e 1000VA pode ser suficiente na maioria dos casos.
Estas são algumas dicas preliminares e espero não ter esquecido nada importante e se o fiz os comentários dos leitores serão sempre bem-vindos.
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