Conversores DC/DC – Considerações Práticas
Neste post e respectivo vídeo no meu canal no Youtube eu pretendo fazer uma abordagem prática sobre um conversor DC/DC específico que utilizei no projeto de adaptação de uma fonte ATX para bancada de eletrônica.
O projeto faz parte da série NÃO JOGUE NO LIXO que venho publicando na Revista Antenna e cujos exemplares, desde setembro de 2021, podem ser baixados GRÁTIS aqui no site.
Eu já apresentei aqui no site e na Revista outros conversores DC/DC como, por exemplo, numa solução para substituição da bateria de 22,5V de alguns multímetros analógicos.
Uma breve descrição sobre conversores DC/DC
Sabemos que não podemos alterar o valor de uma tensão DC utilizando um transformador e por isso, durante muitos anos, eles, os transformadores, eram um componente obrigatório nos equipamentos eletrônicos que não fossem alimentados por pilhas ou baterias.
A ideia de alterar o valor de uma tensão DC, para mais ou para menos, é tão antiga quanto a eletricidade.
O modo mais simples seria usar um resistor em série, que irá dissipar uma potência absurda, em alguns casos, com o respectivo calor que será gerado e portanto, pouco conveniente.
A bobina de ignição (enorme) nos automóveis antigos produzia pulsos de milhares de volts a partir de uma bateria que fornecia apenas 12VDC portanto, em última análise é também uma espécie de conversor DC/DC.
Entretanto, este é um processo eletromecânico e todos irão concordar que não é “muito adequado” para usar num moderno televisor LCD, por exemplo.
Por outro lado, “transformar” eletronicamente uma tensão DC, para um valor maior ou menor, esbarrava na utilização de diodos e transistores que operassem com altas correntes e altas frequências.
A evolução da tecnologia dos semicondutores pouco a pouco foi superando este impasse o que propiciou o surgimento de diversos módulos conversores DC/DC made in China por preços acessíveis (em dólar).
Basicamente temos os seguintes tipos de conversores:
- Conversor DC/DC ou Chopper
- Conversor Step-Down ou Buck
- Conversor Step-Up ou Boost
- Conversor Buck-Boost
Não irei entrar em detalhes teóricos sobre o funcionamento de cada um, pois não é o escopo deste post, todavia vale dar uma brevíssima descrição da aplicação de cada um.
O conversor DC/DC ou Chopper é utilizado quando temos uma tensão DC, para alimentar cargas que exijam controle linear na tensão de alimentação sobre elas, oriunda de um circuito retificador com filtro ou uma bateria.
Estes conversores utilizam um circuito PWM e podem ser usados para aumentar ou diminuir a tensão. São popularmente chamados de Fontes Chaveadas ou SMPS (Switch Mode Power Supply).
Quanto aos conversores Step-Down ou Buck eles são utilizados quando desejamos reduzir o valor de uma tensão DC, enquanto os Step-Up ou Boost fazem o inverso, ou seja, elevam o valor da tensão DC.
Finalmente, os conversores tipo Buck-Boost podem fazer as duas coisas, ou seja elevar o diminuir a tensão.
Neste post e vídeo analisarei o tipo Boost Converter ou Step-up da fig. 1 que será utilizado na adaptação da fonte ATX para uso em bancada.
Para poder demonstrar o funcionamento deste conversor eu preparei um set up de acordo com a fig.2.
Na monitoração das tensões, correntes e potências tanto na entrada como na saída do conversor utilizei dois displays digitais como estes mostrados na fig.3.
Na fig. 4 temos a parte de trás dos displays digitais e os respectivos conectores.
O cabo com três fios mostrado na parte de cima é utilizado para medir a tensão (fio amarelo) e alimentar o display (fios preto e vermelho).
Quanto ao cabo com dois fios (preto e vermelho) mais grossos, mostrado na parte de baixo, será usado para ligar o shunt à carga e indicar a corrente circulando nela.
Antes de prosseguir gostaria de chamar sua atenção para um detalhe importante.
Se você é um bom observador deve ter notado, olhando a fig. 2, que o fio vermelho deste conector foi ligado ao conector preto, ou seja, o negativo onde ligaremos a carga.
Se estranhou essa configuração ou está pensando que há um erro no desenho já lhe garanto que não.
O que ocorre é que amperímetros digitais, diferentemente dos analógicos, não medem corrente diretamente e sim, através de um “pequeno truque”.
Eles medem a queda de tensão no shunt que está em série com a carga.
Se o shunt for de valor ôhmico muito baixo, da ordem de miliohms, ele não interferirá significativamente no valor da tensão sobre a carga.
Outro truque consiste em fazê-lo de valor unitário, assim, a queda de tensão em milivolts, pode ser facilmente convertida em corrente.
Se não entendeu o “truque”, leia meu post Tudo que você precisa saber sobre o “método de quatro pontas” ou método Kelvin que está explicado detalhadamente nele.
Mais uma questão que você pode ter estranhado é sobre a função da chave liga/desliga colocada na entrada do conversor DC/DC que aparece na fig.2.
Eu pretendo que o instrumento da esquerda possa medir ora a tensão/corrente/potência sobre a carga ligada diretamente à saída de 12V da fonte ATX e ora quando a carga sobre os 12V fonte ATX for o conversor DC/DC.
É aí que entra a função da chave. Se estiver aberta não alimentaremos o conversor e portanto, também não teremos tensão na saída ajustável.
Por outro lado, quando fechamos a chave não poderemos colocar nenhuma carga nos 12V da fonte ATX, pois a carga sobre ela passará a ser o conversor DC/DC e precisaremos estar atentos quanto de corrente e potência ele está consumindo o que irá variar de acordo com a carga ligada a sua saída.
Lembre-se que se ultrapassarmos 10A corremos o risco de queimar o MOSFET NCE8295A ou o duplo diodo Schottky MBR20100CT antes do fusível abrir, a menos, talvez, que usemos um fusível de ação rápida (talvez).
A eficiência do conversor
A eficiência de um circuito é calculada pela relação entre a potência de saída e a potência de entrada como vemos na fórmula abaixo.
O data sheet do fabricante informa que a eficiência máxima é de 96%.
Na prática veremos que em algumas situações a eficiência fica bem abaixo deste valor.
No vídeo a seguir veremos praticamente tudo que foi explanado no texto.
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