Cuidados ao reparar fontes chaveadas
Cuidados ao reparar fontes chaveadas
Não se pode querer resolver um problema novo usando as mesmas soluções antigas.
A frase não é minha e sim, atribuída a Eisenstein, mas ela faz parte do meu “kit de conceitos” que uso na vida.
Resolvi escrever este artigo falando de cuidados ao reparar fontes chaveadas, para alertar não apenas aos que estão chegando agora ao mundo dos reparos, mas também a muita gente da velha guarda que ainda tenta resolver problemas novos com soluções antigas.
O mundo não tem mais espaço para amadores, ou a gente se atualiza e se profissionaliza ou estaremos fadados ao fracasso.
Neste post não falarei de funcionamento destas fontes nem tão pouco fornecerei as famosas “dicas” troque o resistor x que funciona, embora o fornecedor da dica não saiba por quê.
Vou tratar das questões “invisíveis” e que, a meu ver, é onde moram muitos problemas.
A principal questão das fontes chaveadas
Sem sombra de dúvidas o principal ponto a ser observado no reparo de uma fonte chaveada é que, diferentemente das lineares dos velhos tempos da eletrônica, elas só trabalham com frequência de 120Hz na parte “hot” da fonte, ou seja, na retificação de onda completa que sempre é feita com diodos em ponte.
Nesta parte, diodos e capacitores de filtro não têm nada de especial.
Mas vale destacar os capacitores do filtro de linha que, embora raramente apresentem problemas precisam de alguns cuidados se houver necessidade trocá-los.
(Você já notou que além da capacitância e da tensão de trabalho eles são especificados por classes como X e Y?)
Daí por diante passamos dos hertz para os quilohertz que nas primitivas fontes chaveadas começaram timidamente com cerca de 20KHz e foram ficando cada vez mais ousados.
Encontrar fontes que operam em 250KHz em aparelhos domésticos já é uma realidade.
Assim, dentro desde contexto de frequências elevadas até a qualidade da solda precisa ser considerada.
É fundamental que o técnico reparador seja bastante observador com relação à posição original de componentes. Se originalmente encontramos um diodo, um resistor ou capacitor desencostado da placa, por exemplo, é melhor respeitar o que o projetista fez porque ele deve ter tido alguma razão para fazer deste jeito.
A principal característica de um técnico reparador é ter uma observação aguçada.
Uma boa dica é fotografar tudo antes da operação “troca peça pra ver se funciona”.
Dá pra usar multímetro Shing Ling?
A qualidade do instrumento de medida é outro ponto importante e que parece ainda não ter sido aceita por muitos técnicos por muitos técnicos por aí, como essencial no processo de medições de componentes e tensões numa fonte chaveada.
É cada vez mais comum encontramos resistores com valores abaixo de 1 ohm e por isso, precisamos de um multímetro com resolução de duas casas decimais na escala ôhmica.
Se tivermos, por exemplo, um resistor de 0,12ohms e o multímetro só é capaz de ler como 0,1 como ter certeza que seu valor não está alterado para 0,15 ou mais?
Se você acha que isto não é importante está na hora de rever seus conceitos.
E já que eu falei em resistores temos outro ponto a levar em conta sobre eles.
Em muitos casos não podemos utilizar resistores indutivos e, portanto é importante que o resistor que vai fazer a substituição seja do mesmo tipo que o original.
Lembre-se que estamos trabalhando em regiões com frequências elevadas é uma “indutânciazinha” aparente desprezível pode ser transformar num impedância comprometedora para o circuito.
“O essencial é invisível aos olhos” já disse sabiamente o Pequeno Príncipe de Saint-Exupèry e aqui também este pensamento se encaixa perfeitamente.
Deixando a “filosofia” de lado, uma dica é ver se no esquema (ou, às vezes, na própria placa) aparece um ponto de exclamação dentro de um triângulo ao lado do componente.
Isto significa que se trata de componente crítico.
E se colocarmos “qualquer coisa” não irá funcionar também? Talvez sim, talvez não. Eu prefiro acreditar que nenhum fabricante sério gasta um centavo de dólar a mais se não for estritamente necessário.
Ah! Os capacitores eletrolíticos, os eternos criadores de caso
No passado a única preocupação que era preciso se ter na hora de substituir um eletrolítico era com o valor da capacitância e da tensão de trabalho.
Os tempos mudaram, os problemas são novos e as soluções não podem ser as antigas, lembre-se disto.
Em se tratando de fontes chaveadas e dos inverters dos tvs LCD (que não mais são que fontes chaveadas) apenas este cuidado pode não ser suficiente e as consequências podem ser desagradáveis e leva-lo a passar horas procurando pelo em ovo.
Especificações como low ESR (baixo ESR) e temperatura podem ser fundamentais na substituição e se o problema não aparece na hora, certamente o retorno do aparelho em pouco tempo pode estar garantido. É a conhecida “crônica da tragédia anunciada”.
Diodos, outra encrenca!
Foi-se o tempo do 1N4007 (ou melhor, do saudoso BY 127) pau pra toda obra.
No secundário da fonte teremos que retificar ondas senoidais de frequência elevada e o diodo não pode andar na velocidade da tartaruga.
Os enrolamentos do secundário do chopper se comportam como o secundário de qualquer transformador fornecendo ondas senoidais (já ouvi dizerem que é PWM, kkk) só que de frequência muito mais alta do que num trafo ligado à rede elétrica.
Entretanto, não basta se preocupar apenas com a velocidade de comutação dos diodos é preciso ver se o original além de “fast” ou “ultra fast”, não se trata de um diodo Schottky (não confundir com Schokley).
Resumo da ópera
Este foi um post rapidinho que surgiu de uma conversa recente com um amigo técnico sobre observações relacionadas a dificuldades de manutenção encontradas por técnicos “antigos” que pararam no tempo e que ainda se vê nas oficinas por aí.
Criaram sua zona de conforto e não querem se preocupar com as mudanças, preferem viver sofrendo que parar um pouquinho para estudar e se a atualizar.
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