Qual a sua dúvida para ler esquemas eletrônicos?

No post da semana passada eu comecei a tratar de uma dificuldade de quase todo principiante em eletrônica e até mesmo, às vezes, os técnicos veteranos enfrentam: – a dificuldade em ler e interpretar (esta é a parte mais difícil) esquemas eletrônicos.

De todos os mais de 200 posts que já publiquei aqui no blog este recebeu uma avalanche de comentários o que me deixa muito feliz e por isso, resolvi voltar ao tema.

Naquele momento até levantei a hipótese de escrever um e-book sobre o assunto, tarefa que, diga-se de passagem, não será das mais fáceis, mas afinal se for fácil não terá emoção não é mesmo?

A partir dos comentários comecei a bombardear meus neurônios inquietos como um monte de ideias de como atacar o problema e é aqui que você também vai ser chamado a dar a sua colaboração.

Há muito tempo passei a defender a ideia de que o professor não tem que “ensinar’ apenas ou somente aquilo que ele acha que é bom, útil e necessário para o aprendiz.

Este foi o princípio que dominou a pedagogia por muitos anos e felizmente começa a desmoronar graças à intervenção cada vez mais maciça da Internet dentre outros motivos.        

É claro que tem que haver um currículo mínimo como ponto de partida, mas o professor tem que estar preparado para responder, da melhor maneira possível, as ansiedades do estudante, sob pena de, ao não o fazê-lo, contribuir para sua desmotivação.

Após a briga entre meus neurônios, os que sobreviveram, me deram algumas dicas de como se deve atacar o problema de “tentar ensinar” alguém a ler esquemas eletrônicos e vou enumerá-las a seguir e pedir para que você deixe nos comentários sua valiosa contribuição sugerindo algo ou até criticando coisas que eu julguei necessária, mas ninguém acha que seja. Afinal o aprendiz é você.

Parafraseando a letra da canção de Milton Nascimento “todo artista tem que ir aonde o povo está” eu diria, que todo professor deve ir aonde a dúvida do estudante está, “adivinhá-la” e responde-la mesmo antes dele perguntar.

Como disse Cora Coralina “feliz é aquele que aprende o que ensina”!

Parece óbvio, mas não é

Como uma criança aprende a ler? Começando a conhecer o alfabeto, o famoso a-e-i-o-u!

Então, devemos que começar conhecendo os símbolos atribuídos aos componentes, mas isto só não basta.

Aliás, parece que é assim que, geralmente, “ensinam” por aí. Você é apresentado ao símbolo do resistor, mas esquecem de lhe mostrar as diversas maneira de como um resistor se apresenta no “mundo real” e o mesmo vale para os capacitores, indutores, diodos, transistores e por aí vai.

O método tem que ser aquele do recém falecido comediante da tv (Paulo Silvino) – “cara-crachá, cara-crachá, cara-crachá …”. Olha o símbolo do componente no esquema e olha a peça “real”.

É preciso saber como o circuito funciona

Vencida a fase “cara-crachá” precisamos começar a entender como o circuito funciona e aqui está na hora de sair do a-e-i-o-u e começar a juntar as letras para escrever palavras.

Tudo deve começar mostrando-se a motivação por trás da construção de um determinado circuito com um monte de pecinhas interligadas.

Ninguém acordou um dia e disse: – hoje e vou inventar um circuito retificador de meia porque o dia está lindo e eu estou muito feliz.

Se você leu meu e-book Eletrônica para Estudantes, Hobistas & Inventores deve ter percebido que é assim que eu faço. Uma “coisa puxa a outra”, não é uma mera “obra do destino”.

Cara-crachá – fase 2

Você já conhece a simbologia, já sabe associar cada símbolo ao componente real e já está começando a entender os circuitos, então chegou a hora do que eu denominei “cara-crachá fase 2” quando vai identificar os componentes no circuito montado e seguir a interligação entre eles de acordo com o que está no esquema. Aqui as coisas realmente começam a ficar mais trabalhosas e eu, até diria, difíceis, mas não desista. Outros conseguiram e você também vai conseguir.

Quando a informática se “misturou” com a eletrônica

Depois da passagem da válvula para os semicondutores este talvez tenha sido o grande momento de “virada” nos esquemas dos equipamentos eletrônicos.

Quem acompanhou a evolução dia-a-dia foi se acostumando e talvez não tenha sentido grandes dificuldades.

Mas, quem parou no tempo, como muitos relatos que recebo, se sente um pouco como quem volta a sua terra natal trinta anos depois. Está tudo diferente.

Por outro, lado quem não fez a caminhada lentamente e foi vendo o bonde virar metrô, também vai sentir muita dificuldade em entender os esquemas atuais que não se contentam mais em ficar dentro de uma folha de papel tamanho A4 e se “espalham” em páginas e mais páginas que, de alguma forma, precisam se conectar e saber como elas se conectam é fundamental.

A Era da Siglas.

Já reparou que hoje quase tudo é expresso por siglas: MEI, ORCRIM, CDC, CPC, etc. Você saberia dizer o que cada uma significa?

Pois é, elas também estão cada vez mais presentes nos esquemas eletrônicos e a pior parte é que elas estão associadas a termos em inglês e aqui o tradutor do Google, que já não ajuda muito na maioria das vezes, não vai ajudar nada.

E não adianta apenas saber aquele inglês “the book is on the table”, você precisa se habituar a ler a descrição dos circuitos em inglês e uma boa maneira de começar é lendo os data sheets dos componentes.

Eu comecei a aprender inglês juntando o “the book is on the table” da escola com a gana de querer ler revistas e livros de eletrônica,

Dicionário do lado e vamos que vamos. Se as crianças de dois aninhos nos Estados Unidos e na Inglaterra aprendem inglês, porque eu também não posso aprender (kkkkk)?

Então, se você quer ser um bom técnico em eletrônica, e esta é uma pergunta que me fazem a toda hora, eu diria que estudar inglês é OBRIGATÓRIO, e não fique pensando que o tradutor do Google vai resolver o problema porque eu afirmo e garanto que, muitas vezes, não vai.

Construindo um dicionário de siglas

Este é um capítulo que me parece obrigatório no e-book e você pode me ajudar a escrevê-lo.

Vai mandando para mim no e-mail contato@ac14008-04537.agiuscloud.net com o assunto “siglas dos esquemas” o que você viu nos esquemas e não entendeu bulhufas, de preferência com os respectivos esquemas para eu colecionando e assim vamos construir um dicionário de siglas eletrônicas.

Espero ter lhe ajudado mais um pouco nesta árdua tarefa de ler e interpretar esquemas eletrônicos.

Aguardo seu comentário e sugestões.

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Paulo Brites

Técnico em eletrônica formado em 1968 pela Escola Técnica de Ciências Eletrônicas, professor de matemática formado pela UFF/CEDERJ com especialização em física. Atualmente aposentado atuando como técnico free lance em restauração de aparelhos antigos, escrevendo e-books e artigos técnicos e dando aula particular de matemática e física.

Website: http://paulobrites.com.br

10 Comentários

  1. André Soares

    Maravilha sua página mestre! Parabéns e muito obrigado por compartilhar seu conhecimento! Vu divulgar para meus colegas de curso…abração!

    • Paulo Brites

      Agradeço o apoio e se quiser se inscrever será sempre informado de novo post, geralmente dois por mês Abraços

  2. Carlos Sergio Pinto

    Não consigo ler esta com caracteres estranhos

    • Paulo Brites

      Carlos, não entendi sua dúvida, por favor, dê mais detalhes.

  3. SAULO MOURA

    ficou bonita a sua colocação amado guru.

    • Paulo Brites

      Valeu Saulo um grande abraço

  4. Henrique Grizotti

    Caro Professor, o caminho é esse.
    Acredito que uma breve passada pelos símbolos e suas variações (normas europeia e americana) as fotos do componente associada ao seu referido símbolo.
    Depois as maneiras de interligação, enfim, o “basicão”.
    Mais pra frente pequenos circuitos e suas funções, como: amplificadores e suas classes, transistor funcionando como chave, reguladores, retificadores, ceifadores, filtros etc.

    Assim que tiver alguns circuitos descritos em esquema, mostrar em um outro esquema, de um sintonizador por exemplo, a associação de todos eles.

    Será um grande desafio elaborar esse projeto, mas com a sua linguagem informal e divertida, acredito que será um sucesso.

    Parabéns pela iniciativa, se eu puder colaborar. Será um enorme prazer.

    • Paulo Brites

      Obrigado pelo retorno
      Abraços

  5. Dirceu Rodrigues

    O livro vai ajudar muita gente. Eu sugiro que o Sr. coloque alguma coisa básica sobre os programas leitores de documentos (Acrobat Reader, DjVu, etc) e programas de descompactação (winrar, etc).
    Noto que muitos técnicos não conseguem abrir e ler direito os arquivos de esquemas baixados.

    • Paulo Brites

      Boa ideia Dirceu, você tem razão. Sugestão anotada.

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