Reparando um Multímetro Digital
A colocação incorreta das ponteiras em multímetro digital
Recentemente um professor de física, meu amigo, me procurou aborrecido porque durante uma aula prática de eletricidade, por distração, havia queimado um multímetro digital Minipa modelo ET-1002 novinho.
Uma pequena distração e …
Com um monte de alunos fazendo perguntas ao mesmo tempo é bem comum fatos como estes acontecerem, principalmente quando temos diferentes multímetros em uso na sala de aula.
A posição dos terminais não é padronizada o que pode nos levar, na hora da confusão, espetarmos uma ponteira no “buraco” errado.
Foi que aconteceu. A intenção era demonstrar medida de tensão alternada e ele colocou a ponteira no borne utilizado para medida de corrente confundindo-se com outro modelo em que esta posição ficava à esquerda e não à direita como no caso deste modelo da Minipa.
Alguns podem argumentar “não vale a pena perder tempo tentando reparar um multímetro tão barato”.
Em primeiro lugar, o multímetro em questão não é tão barato assim, pois hoje ele custa em média cinquenta reais.
Porém, mais do que o preço precisamos nos preocupar com a questão ecológica.
Cada coisinha que deixamos de tentar reparar porque “não vale a pena” vai para no fundo do rio poluindo o ambiente e provocando os desastres ambientais que assistimos todos os dias e depois chamamos de tragédias. Acho que a palavra certa deveria ser omissão.
Tentando salvar o planeta
Meu amigo já havia aberto o “bichinho” à cata de um fusível queimado, mas geralmente este é o último a morrer.
Constatado que o fusível estava bom a “competência” dele para resolver o problema acabou e sobrou para mim. Afinal, amigo é para pedirmos ajuda “nestes momentos difíceis”.
Observei que o display acendia o que já era um consolo. Havia vida naquele pobre ser.
Retirada a tampa traseira, dava para ver onde tinha ocorrido o sinistro. Uma trilha partida que ia diretamente ao borne GND, mais outra partida que se podia perceber por dentro da PCI transparente de fibra de vidro e um semicondutor com cara de transistor parcialmente destruído.
Com uma lupa pude ver o final da nomenclatura do mesmo: 13.
Talvez isto fosse um bom prenúncio para quem não é supersticioso.
Como nós temos outros multímetros iguais seria fácil descobrir o código do semicondutor destruído.
Ao abrir outro multímetro percebi que embora eles fossem iguais por fora, eram diferentes por dentro. Quem já não viu este filme?
Entretanto, para minha alegria havia um semicondutor na mesma região do sinistro cujo código era S9013.
A chance de ser o mesmo era praticamente de 100%, já que o final também era 13. Tudo indicava que eu estava com sorte.
Mas quem era este “bichinho de três perninhas” com cara de transistor?
Apelando para o São Google, nem foi preciso acender muitas velas.
O “milagre” veio rápido e logo de cara descobri que era um NPN e que pelas suas características qualquer BC547 iria “mandar bem”.
Mas, (sempre tem um “mas”) os terminais não tinham a mesma ordem. Nada demais, apenas uma inversão na posição de emissor e coletor e tudo se resolveria.
Trocado o transistor e reparadas as duas trilhas com jumps de fios o multímetro voltou a funcionar.
Meu amigo ficou feliz e o planeta também.
Uma pequena reflexão
O principal objetivo destes post foi chamar a atenção de que precisamos quebrar esta “regra” da descartabilidade imposta pelas indústrias com o apoio maciço e hipócrita da mídia que faz um programa de TV sobre ecologia patrocinado por um fabricante que quer lhe vender o modelo novo do seu produto que “agora é muito melhor”.
Pense nisso e divulgue esta ideia enquanto o planeta Terra existe.
Até sempre.
177 Comentários