Você sabe o que PWM – Parte 2
Na parte 1 do post “Você sabe o que PWM” publicado aqui no site em 15 de agosto e eu terminei o artigo apresentando um multivibrador astável construído com o 555.
Nesta segunda parte eu vou mostrar como um PWM pode ser usado para controlar a corrente de um motor DC.
A ideia surgiu a pedido de um amigo aficionado em slot car que precisava de “alguma coisa” eficiente para controlar a velocidade de motores de carrinhos de corrida (pelo preço que alguns custam, podem ser chamados de “carrões”).
Um pouco de teoria não faz mal a ninguém
Controlar a velocidade de um motor, eletricamente, implica em alterar a tensão a ele aplicada ou a corrente.
Como, neste caso, a tensão é constante (12V) o jeito é controlar a corrente.
A maneira mais simples de controlar a corrente em um circuito é com um resistor em série ou um “potenciômetro” ligado na configuração reostato.
Entretanto, este método é muito ruim, sem dúvida, pela quantidade de energia elétrica perdida ao ser transformar em calor.
Nestas horas é que entra a teoria e a tecnologia (e o cérebro!).
Por que não usar um transistor controlado por um PWM em série com o motor?
E qual transistor usar um BJT (transistor bipolar), um JFET ou um MOSFET?
Os BJT têm o “inconveniente” de apresentar uma queda de tensão entre coletor emissor que irá “roubar” um pouco da tensão aplicada ao motor.
Por outro, lado os JFET mais comuns são os de canal N e como operam em modo depleção precisam de tensão VGS negativa.
Sendo assim, vou preferir um MOSFET canal N que opera em modo enhancement, ou seja, com VGS positivo e alguns além de apresentarem baixíssima resistência entre dreno e supridouro (RDS), podem operar com altas correntes.
Vou experimentar o IRF 530 e IRF3250 cujos datasheets você poderá baixar CLICANDO AQUI.
Escolhida a topologia do nosso circuito cujo diagrama em blocos apresento na fig.1 antes de passarmos a execução do projeto propriamente dito.
Preparando o PWM com 555
Na parte 1 deste post eu apresentei uma maneira simples de se construir um multivibrador astável usando o 555 que funciona como um PWM.
Entretanto, aquele circuito embora seja útil do ponto de vista didático, tem o inconveniente de variar a frequência quando se varia o duty cycle o que pode não ser muito bom em alguns casos.
Para resolver este problema podemos fazer uma pequena alteração como mostrado na fig.2.
Para facilitar a compreensão do que estou falando repito na fig.3 o circuito utilizado na parte 1. No bom e velho estilo joguinho dos 7 erros, que eu adoro, sugiro que você compare os dois circuitos e veja o que há de diferente entre os dois.
Notou que o RB colocado entre os pinos 7 e 2/6, se “transformou” num potenciômetro com dois diodos ligados inversamente nas suas extremidades?
Essa pequena “mágica” irá fazer com que possamos variar o duty cycle através do potenciômetro mantendo a frequência calculada (junto com C1) razoavelmente estável.
A fórmula para o circuito da fig.3 muda um pouco como veremos ao lado, onde R é a resistência total do potenciômetro cujo cursor vai ligado aos pinos 2 e 6 do 555.
Agora vamos olhar o potenciômetro como se fossem dois resistores em série R1 e R2 a partir do curso para calcular o duty cycle.
Se você não gosta de fazer constas, o que é uma pena, eu vou lhe dar os valores que eu usei no meu projeto.
No caso em questão eu não precisaria de um PWM com frequência muito alta e, portanto, adotei algo em torno dos 100Hz e usei um potenciômetro de 50Kohms (tem que ser linear) que eu tinha por aqui. Para o capacitor usei 220nF
Fazendo as contas encontrei valores um pouco diferentes e fui ajustando no protoboard. As contas teóricas servem como referencial, ou seja, um ponto de partida para não dar um tiro no escuro (ou no claro e virar bala perdida).
A diferença entre o calculado e montado ocorre por variações dos componentes.
Se fizer o projeto no computador usando aqueles programinhas de desenvolvimento vai dar tudo certinho. É igual a inflação que aparece não TV, não bate com a conta do caixa do supermercado!
O circuito final que eu montei para o meu amigo pode ser visto na fig.4.
Para complementar o artigo eu coloco abaixo um vídeo que gravei mostrando os resultados práticos.
Aguardo os comentários. Estou pronto para o debate (da eletrônica).
E para concluir com uma pitadinha de política de alto nível, dia 28, aliene-se com moderação, para não ser parado na “blitz” futuramente.
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